20 de mar. de 2013

Desafio iniciado: Curso de desenho e Ilustração


"O desenho, a arte, a criação de algo ou alguma coisa, é uma necessidade que não tem fim em mim...desde cedo surgiu esse despertar...uma inspiração que não parou nunca de brotar...como se a Primavera, acontecesse nas 4 estações do ano...e os jardins estivessem sempre floridos e os pássaros sempre a cantar...tudo coberto de um esplêndido verde...tudo repleto de cor...numa harmonia que se fosse possível tocar num instrumento musical, seria como se tratasse da 5ª Sinfonia de Beethoven, Bach (Piano)  ou Tchaikovsky...absolutamente perfeitas!
Os caminhos que desconheço em mim, são tantos, que procuro percorrê-los a todos, sem me perder de nenhum...mas acabo sempre por perceber, que nalgum ponto todos se unem...e fazem parte do mesmo mapa...agora resta-me ter tempo, para conseguir chegar até ao fim de cada um...e descobrir-me um pouco mais, a cada dia...
O que sinto é muito...e o que tenho necessidade de passar para o papel em palavras ou traços de desenho, pintura ou simplesmente numa conjugação de tudo ou de nada...é mais do que eu própria posso imaginar...porque não tenho limites em mim...e é essa liberdade que sinto e essa infinita forma de viver tudo, que me ajuda a não desistir de nada do que mais gosto de fazer...pelo enorme prazer que me proporciona...e pela realização de ser como sou...não me imagino de outra maneira...nem sendo outra pessoa...porque a cada dia me sinto mais eu própria!!
Em todos esses caminhos, encontro-me mais...e neles deixo-me ir, porque sei que me haverão de levar a algum lugar bem longe...daqui...quando? não sei...mas sempre me disseram, que quanto mais repetimos o que gostamos, nos faz tornar melhor no que fazemos...e é isso que procuro sempre fazer...tudo o que mais gosto e sei, sempre mais e mais e mais e melhor...na certeza, que um dia, vou lá chegar!" Mi Céu, 19 Março 2013
"O que me agrada principalmente na tão complexa natureza do desenho, é o seu caráter infinitamente sutil, de ser ao mesmo tempo uma transitoriedade e uma sabedoria. O desenho fala, chega mesmo a ser muito mais uma espécie de escritura, uma caligrafia …" (Andrade, 1984, p. 65)

Prossigo a reflexão, retomando as ideias do desenho de Mário de Andrade (1984), "na esteira das concepções de Modernidade postas por Charles Baudelaire. Em "Do desenho", o escritor enfatiza com acuidade a característica móvel do desenho, para assim aproximá-lo do provérbio. O desenho, como o provérbio, exprime a experiência vivida, não de maneira estática, mas a "luta entre a visão recebida ou imaginada e o seu registro gráfico" (p. 70). Além desse aspecto, ressalta que o desenho também sofre a ação do tempo e se desprende da emoção imediata, do descritivo, e lentamente "assume a natureza essencialmente poética do provérbio". Com isso em vista, entendo que o desenho contém qualidades próprias: não é apenas contorno, é registro, é sinal que leva o traço da ideia, e nesse sentido é um saber, um conhecimento. Saliento esse ponto, porque se isso não for levado em consideração, o que se faz é apenas submeter a linha do nosso desenho ao assunto, dissociando-a da força que tem nossa forma de expressão. No desenho forma e conteúdo constituem uma unidade que traz consigo as marcas e os registros do gesto. Seus elementos (linhas, pontos) se relacionam e criam espaços contínuos ou descontínuos, vazios ou superposições, que imprimem ritmos. Nele a dança da linha se aproxima e se distancia em diversos movimentos e direções, para gerar qualidades de luz-cor, estabelecer relações de contraste, tensão, articuladas numa sintaxe pessoal. É nesse sentido que o desenho permite ver como cada artista traz consigo o seu próprio modo de fazer, seu gesto particular, que se traduz numa marca singular. Assim, um observador atento distinguirá os traços inerentes ao desenho de Matisse, Van Gogh, Picasso, Paul Klee e assim por diante."

"Desenhar e observar estão intimamente vinculados. A observação reaviva o uso da intuição, do sentimento, da percepção, da imaginação do observador, de tal modo que todo nosso corpo torna-se, por inteiro, um órgão de focalização, que trabalha nessa operação complexa, que é ver. Aquilo que habitualmente denominamos "ver", consiste na individualização e organização mental dos sinais elementares pela "síntese imediata de algo que está em movimento" (Strazza, 1979). E levando-se em consideração que uma organização mental dos signos contém, além de nossas necessidades e intenções, uma carga de intuição, afetos, inquietudes e ambiguidades, o que resulta dessa organização vai passar, necessariamente, por constantes modificações. Assim entendido, reitera-se que ao desenhar não reproduzimos o visível, o fazer do desenho é um modo de apreender o mundo e, por isso mesmo, é um fazer provisório. Compreende, portanto, "gestos inacabados" (Salles Almeida, 2007). É um jogo entre o tateio e o conhecimento. É um fazer, uma reflexão, reafirmo, conduzida pelo próprio fazer. É uma forma de integrarmos nossas experiências com o mundo, dar sentido para nossas lacunas e nosso desamparo."

"Aliado ao modo intuitivo de apreensão dos fenômenos, desenhar significa, ainda, colocar-se à disposição de algo numa atitude de acolhimento e, ao mesmo tempo, estar exposto. Desse ponto de vista, podemos aproximar o fazer do artista e do analista com seu paciente. Ambos podem ser movidos por um desassossego, por pequenos sinais intuitivos que todos temos, mas, muitas vezes os desconsideramos. Pode ser um estranhamento, um sentimento não definido. Desse modo, no processo criativo de vários artistas estudados por Cecília Salles (2007, p. 54), como Federico Fellini, Julio Cortázar, entre outros, há momentos em que um sentimento, uma imagem, uma visão, podem vir "carregados" de algo indefinido, vago, que não sabemos o que é, mas que se fixa mais do que outro sentimento, descrito por esses artistas como "nebuloso", um estranhamento. Tais artistas, por exemplo, usavam cadernos de notas para registrar desenhos, apontamentos, lembranças, rastros de uma ampla rede associativa de seu próprio gesto. Fellini, em seu caderno de notas Il libro dei sogni (2007), desenhava cenários, personagens, sonhos, escrevia. O caderno recebe a primeira mão, o registro de uma ideia, de um sentimento, que se desdobra à medida que outra questão intervém e, ao se tornar diferente, pode gerar novos espaços e configurações, símbolos na mente do artista. Valéry (1999) descreve esse estado indefinido, como "estado de poesia", que, segundo ele, é de natureza irregular, fugaz, transitória. Porém, são estados extremamente fecundos, à medida que podem ser aproveitados e elaborados pelo artista para gerar um poema, um filme e, no caso do analista com o paciente, pode nutrir uma interpretação, dar visibilidade a uma experiência emocional transformadora."

Nunca desista de si e dos seus sonhos!!


Tchaikovsky, Quebra-Nozes, Dança da Fada Açucarada

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