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17 de dez. de 2012

Sindicato da Bondade


O novo livro  (para mim!) de Eduardo Sá, tem um título por si só, carregado de significado! Analogia da família, idealmente, como um Sindicato de Bondade!
Ao pesquisar o significado da palavra bondade, encontrei uma frase que define bem o real sentido..."Bondade é amar as pessoas mais do que elas merecem.” Joseph Joubert.
Uma das temáticas abordadas, é uma das grandes problemáticas, da nossa sociedade...onde cada vez menos, existe e se cultiva o verdadeiro, conceito de família...
Considero que a família, é o que temos de mais importante...mesmo que após amadurecermos, consigamos perceber que, afinal nem temos nada haver com ela...mas foi no seio da nossa família, que crescemos e aprendemos, a base da nossa educação, os nossos princípios, valores...adquirimos hábitos, segundo os modelos / exemplos que tivemos ...estes foram os nossos referenciais, para que com ajuda de outros factores e vivências, nos ajudassem a sermos, quem somos  hoje!
A família, normalmente, está sempre connosco, são o pilar basilar...pelo menos o pai e a mãe, os irmãos, nem sempre têm a cumplicidade que deviam, ou pela diferença de idades existente, ou pela diferença cultural, ou pela diferença de personalidades, ou até mesmo, pelos diferentes  objectivos de vida,  que estipulamos para nós!
Os irmãos entre eles, são muitas vezes os maiores desconhecidos...com uma quase inexistência de conhecimento, de convivência, de partilha e de relação de amizade!
Mas o que realmente nos faz falta, como núcleo duro, são os pais! Esses sim, devem ser unidos e coesos, para educarem bem uma criança!
Assusta-me hoje, ver a quantidade de crianças, que fazem parte de famílias desestruturadas!
Quando pensamos ter um  filho, temos de pensar, que ele precisa muito, do pai e da mãe, de igual forma, continuamente! Contrariamente ao que se pratica, não só no momento da concepção...o amor tem de ser incondicional, para que a criança nasça, cresça e se desenvolva de  forma saudável e equilibrada...caso contrário, as pessoas se sabem de antemão, que não vão conseguir trilhar esse caminho ao lado de alguém, não devem avançar ...o construir uma família, é um projecto de vida a dois...mas que têm de ser os dois a lutar muito, para que as coisas funcionem...caso contrário, não resulta!
Por isso, admiro as pessoas que têm casamentos duradouros...porque fazem por isso! As coisas não acontecem sozinhas...se tivermos uma planta em casa, anos a fio, sem lhe colocarmos uma única gota de água, todos sabemos o que lhe vai acontecer...o fim dela será não sobreviver...da mesma forma, funciona uma  relação de namoro ou um casamento, só funciona quando as pessoas cultivam o amor todos os dias...mas é preciso querer muito que as coisas funcionem...é preciso amar muito, dedicar-se muito...não se bastar...não ficar na zona de conforto...não ser egoísta!
O segredo de ter uma  família é simples no meu entender...mas as pessoas complicam...acho que só é possível, quando amamos simplesmente e nos dedicamos na construção de algo sem contrapartidas, a não ser, o atingir a felicidade, no seu auge!
Não devemos perder tempo, com o ideal de família ou com a família perfeita, pois é da imperfeição que nasce a perfeição...é com as coisas imperfeitas que aprendemos como podemos melhorar!
Aprendemos quem somos, quem queremos ser, onde estamos e para onde vamos ...

Deixo-vos com um excerto do livro / crónicas (deliciosas!) de Eduardo Sá, em Sindicato da bondade:

"Eu acho que se fala muito dos valores da família porque a maioria das pessoas não os conhece ou não a tem. Ou só a tem aos bocadinhos. Aliás, deve ser por isso que, sempre que alguém se casa, logo se diz que constitui família, que é uma forma de reconhecer que se formos melhores pais seremos, finalmente, mais família. Como se o futuro fosse um enclave sem passado nem pessoas. Mas, muitas vezes, quando duas pessoas se juntam são duas famílias que se afastam. Porque as pessoas não compartilham quem amam sem ciúme e sem caprichos. Na verdade, amam tão espaçadamente que, sempre que a elas chega alguém de novo, imaginam um conluio onde podia haver mais verdade e mais carinho. E não são amáveis nem amantes. Desconfio que será porque não saibam dividir. Para duas famílias que se juntam, dividir representa, muitas vezes, subtrair um pouco mais ao pouco que se tem. Quando é assim, em cada divisão, somos desfelizes. Mas se em cada divisão se multiplica entramos para o Sindicato da Bondade.

3. Eu acho, ao contrário do que ouço, que uma família, para ser família, é numerosa. E só se for assim será sagrada. Nas famílias de verdade cabe a educadora que nos contava histórias e a professora que nos ralhava sempre que mordíamos a língua para pensar. E o senhor da padaria, que nos sorria, de manhã, como muitos dos nossos tios nunca o fizeram. E o Augusto, dos jornais, que mal falava mas que, por nada que se esperasse, se comovia enquanto ria. E a D. Isaura, dos bordados, que fazia de conta que não percebia quando estávamos a mentir. E o Pai Natal e Deus, sempre que ficávamos, noite fora, à calhandrice com eles, mais vezes do que conversávamos com os nossos amigos. E eles, claro, para além de todos aqueles que sentimos serem nossos. Uma família é uma barafunda. E só se for assim é paz. E é amiga da verdade, sem a qual se é desfeliz. E puxa os sentimentos, de supetão, do fundo da alma para a superfície da pele. E desabotoa a fantasia. E é dedicada com o colo. E afeiçoa-se ao brincar. E à esperança, é claro. E a tudo o mais que quem fala dos valores da família nunca nos diz. Na verdade, a ideia de família tem sido tão enxovalhada que já não sei se gosto dela. Do que gostava – mesmo! – é que a família fosse, simplesmente, o sindicato da bondade. Mas não sei se conseguirei explicar que, só se for assim, será família. E será feliz."

Eduardo Sá, Sindicato da Bondade





29 de nov. de 2012

A maior riqueza!

Sta Maria da Feira, 28 Novembro 2012
Hospital S. Sebastião
1h00
Não me lembro de sentir tanto frio...
dentro e fora de mim!

Querida Crise,


Há momentos assim...basta alguns movimentos estranhos, para sentirmos que algo se está a passar...quando menos esperamos sentimo-nos "sem chão" e que por muito que façamos há coisas que não dependem de nós...o que será que ela tem...não sei o tempo que vou ter de esperar, isso não é o mais importante...importante era que ela melhorasse e soubesse porque anda assim...à frente dela faço-me de forte...mal me sentei na sala de espera não aguentei...mãe é mãe...e há coisas que não se conseguem explicar, nem traduzir o que sentimos...parecia que estava adivinhar que não vinha buscá-la, mas que ainda estava para demorar...ao sair de casa deu-me um flash e trouxe algumas coisas para comer,como jantei cedo lembrei-me logo que se demorasse me ia dar a fome...tal e qual...já comecei atacar umas tostas integrais...não é por nada, mas estou-me a sentir pior da gripe, não admira ao estar num sitio como este, onde se pode apanhar de quase tudo...quando cheguei consegui ficar ao pé da minha mãe a conversar um bocado, para a distrair e para que não pense verdadeiramente no que se está a passar...mas entretanto, pediram-me que saisse e esperasse na sala...onde estou e estarei pelo que vejo...sinto a cabeça parece que vai estourar...a minha temperatura subiu consideravelmente...lá fora está mesmo frio, a continuarem temperaturas tão baixas, não tarda ainda vai nevar...podia ter trazido um livro para ler...mas não me lembrei de nada...apenas pedi à tia que se deitasse e descansasse, pois tanto poderia ser rápido, como poderia demorar...mesmo aqui dentro, de vez em quando sentesse uma brisa fria, vinda não se sabe de onde...este cheiro característico dos hospitais desorienta-me, tira-me o apetite...e o sono!...os rostos das pessoas, que por aqui andam, são todos tristes e reflectem muita impaciência e preocupação...queria ir lá dentro outra vez para ver como ela está...mas se me mandam sair, não vou reagir nada bem já sei...estar doente é o mais triste que pode acontecer a alguém, principalmente a partir de certa idade...algures ouve-se o eco da esposa a mandar vir com o marido / paciente...agora já me sinto mais calma...mas preocupada na mesma...nestas alturas vem tudo à cabeça...

2h12
Já não tenho posiçao na cadeira...sinto os olhos pesados, mas por muito que queira não consigo dormir...ouve-se um barulho de fundo das rodas das macas a circularem e as portas a abrirem-se, de quando em quando...a esposa do tal senhor continua a reclamar...

3h05
Já passei pelo sono...e nunca mais tive novidades...como será que ela está?...ouve-se um silêncio interrompido pelas portas que abrem e fecham constantemente...

3h44

A mamã ligou a perguntar onde eu estava...eu já tinha dormitado um bom bocado...ainda lhe vão fazer mais análises e exame ao coração...

4h43
Ainda aqui estou...ainda falta o electrocardiograma e depois em principio podemos ir embora...ja perdi a conta das vezes que passei pelo sono...pelo menos parece que já está melhor do motivo principal que a trouxe cá...

6h00
Acordei sobressaltada com o telemóvel a tocar, cheia de frio e desconfortável ainda sentada no mesmo sítio...era a mamã a ligar, a pedir para eu entrar e ir ao pé dela, queria falar comigo...pediu-me que fosse embora, uma vez que o médico ainda queria fazer mais exames e análises...e pelo que se estava aperceber estava para demorar...quando a vi novamente com o saco do soro cheio...calculei que só até terminar o saco, seriam pelo menos, mais umas duas horas...dei-me por vencida e acabei então por ir para casa...ficando sempre alerta para o caso de ela me ligar novamente, para a ir buscar!

Não consegui dormir mais do que 3 horas...estava demasiado preocupada e impaciente..
A saúde, é sem dúvida, o mais importante que nós temos...se tudo estiver bem com a nossa saúde, consequentemente, estamos aptos para enfrentar tudo o resto!


"A verdadeira amizade e o amor, é como a saúde perfeita, seu valor raramente é reconhecido até que seja perdida."

"Quem tem saúde tem esperança e quem tem esperança tem tudo."

"A maior riqueza é a saúde." (Ralph Waldo Emerson)